segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Imagens captadas pelo Cbers-4 serão disponibilizadas na internet em março

Material gerado pelo satélite será usado no monitoramento florestal. Equipamento produzido em parceria com a China foi lançado neste mês.


(G1) As imagens produzidas pelo satélite sino-brasileiro Cbers-4, lançado neste mês ao espaço, serão disponibilizadas gratuitamente no site do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) a partir de março de 2015. O material gerado pelo equipamento poderá ser utilizadas para mapeamento geográfico e dos setores agrícolas e florestal do país.

O satélite fornecerá, nos pelo menos três anos de vida útil, 200 imagens por ano da cobertura da região Amazônica.

O material vai auxiliar no controle da taxa de desmatamento, da cobertura vegetal e de queimadas. “Com a geotecnologia será possível ainda fazer com mais eficiência e rapidez o planejamento físico de cada um dos cinco mil municípios brasileiros”, explicou o diretor do Inpe, Leonel Perondi, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (19) no Inpe, em São José dos Campos (SP). O órgão foi o fabricante nacional do satélite, lançado a partir de uma base na China no último dia 7.

Duas das quatro câmeras instaladas no satélite são de fabricação nacional. A coordenadora do setor de Observação da Terra, Leila Fonseca, explicou a função dos modelos usados no Cbers-4.

“A [modelo] WFI tem 64 metros de resolução, traz menos detalhes, mas as imagens são geradas a cada cinco dias do mesmo lugar, serve para o monitoramento de desmatamento e de safras, por exemplo. Já a [modelo] MUX tem 20 metros de resolução, pode enviar imagens do mesmo lugar com mais detalhes em 26 dias”, esclareceu a coordenadora.

O Cbers tem capacidade de 15 minutos de gravação por dia e viaja a uma velocidade de 4,2 Km por segundo.

Novos projetos
Comemorando o sucesso do Cbers-4, o Inpe já planeja a construção de um novo satélite que deve ter um custo inferior - o projeto, batizado de Cbers-4A deve ser concluído nos próximos quatro anos.

A intenção do Inpe é dar continuidade ao programa, por meio do lançamento de novos satélites. “Queremos fabricar novos equipamentos, um satélite da mesma classe dos Cbers 3 e 4, mas com o custo inferior a curto prazo”, explicou Perondi.

O desenvolvimento do Cbers-4, lançado no espaço há duas semanas, custou ao Brasil R$ 160 milhões. Metade dos investimentos foi feito pelo governo chinês que também é responsável por 50% da tecnologia aplicada no satélite.

O programa de cooperação entre os dois países na área espacial existe há 26 anos e deve ser ampliada por mais 10 anos. De acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia, a negociação com a China para a construção dos Cbers-4A, Cbers-5 e Cbers-6 deve ser formalizada no primeiro semestre de 2015.

“No exterior este equipamento [satélite] já custa menos. Nosso objetivo é trazer ao Brasil autonomia técnica, desenvolver a capacidade industrial brasileira e levar retorno social que é aprendizagem, a geração de empregos mais bem remunerados com a produção de produtos com maior valor agregado”, afirmou o diretor do Inpe.

Investimentos
Para o empresário Célio Costa Vaz, faltam investimentos governamentais na indústria aeroespacial. “Não vemos em Brasília vontade política para o desenvolvimento industrial neste setor”, afirmou. A empresa deles é uma das que participou da fabricação do Cbers-4.

Perondi quer que o Inpe desenvolva uma família de satélites em 10 anos. “Já há um projeto para servir a Defesa Nacional, o Ministério do Meio Ambiente para 2015, com três satélites .Queremos que pelo menos um seja 100% nacional”, disse.

O desenvolvimento de um sistema espacial 100% brasileiro será concretizado no satélite Amazônia 1, previsto para ser lançado em 2015. “Estamos concluindo um ciclo, a ponto de fabricar um produto totalmente nacional. Falta ainda a capacidade de colocar o equipamento em órbita”, afirmou Perondi.

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